quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Novos Evangélicos? Prefiro os velhos!



O assunto do momento são os que abandonam a igreja e recentemente, veiculou na mídia o assunto dos novos evangélicos. Como uma maneira de se tratar o assunto dentro de nossa igreja, nós temos o livro “Feche a porta dos fundos”, de Alan F. Harre. O livro é do ano de 1984 e foi traduzido para o português em 2001, mas continua sendo um ótimo livro sobre o tema dos que abandonam a igreja.
Mas esses novos evangélicos não são novos. Os protestantes existem há muito mais tempo. Devido aos protestantes, houve o cisma de 1054 entre a ICAR e a Igreja Ortodoxa, surgiu o luteranismo, o pietismo, a ortodoxia, o iluminismo, etc.
Antes de tudo isso, nos tempos bíblicos, encontram-se “protestantes”. As epístolas são exemplos. Sua maioria se devem a combater falsos ensinamentos que corriam pelas cidades. Romanos é um livro de dogmática a pessoas convertidas do judaísmo e do paganismo; 1 Coríntios ataca a corrupção moral e a libertinagem; na Galácia o problema eram os judaizantes; entre os Colossenses crenças religiosas e costumes pagãos já surgiam; Em Tessalônica o iminente retorno de Cristo intranqüilizava as pessoas; as cartas de João atacam os ensinos gnósticos.
Por isso, nós precisamos continuar a falar sobre esse tema que não é novo, mas que está presente na vida da igreja.
No primeiro capítulo do livro “Feche a Porta dos Fundos”, encontramos quem são os que abandonam a igreja. São várias informações que temos a respeito desses, como resultado de pesquisas que nos ajudam a refletir sobre o assunto e que entram em acordo, muitas vezes, com nossa maneira de pensar e também dos novos evangélicos.
“Muitos dos motivos por que as pessoas abandonam a vida da congregação local estão além do controle ou poder da congregação. Isso pode nos trazer um sentimento de frustração. Por outro lado, há outros fatores que podem muito bem ser abordados pela congregação local. Em vez de desesperar com aquilo que não pode ser alcançado, seria prudente concentrar os esforços naquelas áreas onde a congregação é capaz de agir de forma positiva e remediável[1]”.
No entanto, a média de abandonos cresce significativamente entre 13 e 20 anos. E entre as diferentes causas de abandonos, encontramos: atritos familiares, a igreja oferece pouca coisa de valor para eles como pessoas, os programas da igreja suprem mais as necessidades das crianças e dos adultos, atitudes e estilos de vida cosmopolitas, ao receber mais educação, se tornam mais volúveis, diversificados nos sistemas de valorização, sermões e ensinamentos fracos, tudo muito tediosos, trabalho sem relevância, currículos irrelevantes, apatia entre membros, apatia do cônjuge e da família com o envolvimento do indivíduo na igreja.
“Se os sermões fossem dirigidos às pessoas do dia de hoje e dados num estilo compreensível e que valesse a pena serem ouvidos – os bancos da igreja gradativamente ficariam novamente lotados. Os sermões não se tornaram ultrapassados. Simplesmente se tornaram monótonos[2]”.
Como alternativa de trabalho, em reposta à todas as reclamações, Harre traz medidas preventivas para se trabalhar na igreja.
São elas:
·                    Preocupação cristã com a inatividade;
·                    Conservação através de cuidadosa incorporação;
·                    Conservação através de ênfase em forças positivas;
·                    Conservação através de melhores cultos;
·                    Conservação dos membros através de melhores sermões;
·                    Conservação através de cuidados pastorais eficientes;
·                    Conservação através da educação cristã;
·                    Manutenção através do ministério a jovens adultos;
·                    Manutenção através de relacionamentos interpessoais positivos;
·                    Manutenção através de solução de conflitos;
·                    Manutenção através de encorajamento de voluntários;
·                    Manutenção através de maior calor humano;
·                    Manutenção através de uma ação social responsável.
Com base nessas reclamações e nessas medidas preventivas, o autor traz um capítulo a parte tratando da disciplina eclesiástica. A partir deste capítulo, pode-se notar que o autor quer propor um pastor que seja polido e que trabalhe com Lei e Evangelho em todo o ministério. Talvez esse seja o ponto de maior atenção para os problemas da igreja. Pois, na medida em que o pastor trabalha com lei e evangelho durante o ministério, ele atende de forma indireta as medidas preventivas propostas por esse autor. Lei e evangelho é fundamental na vida da igreja.
Enfim, as reclamações dos novos evangélicos não são totalmente erradas. O que eles estão fazendo é uma crítica contra as suas igrejas. No entanto, a nossa igreja pode atender essas necessidades com Lei e Evangelho.
E isso não é trabalho exclusivo do pastor, mas é a obra de Deus na vida da igreja e através da igreja. É Deus que trabalha essas medidas preventivas através de nós com Lei e Evangelho.
Seguir essas medidas preventivas são obras que brotam de uma fé ativa no amor. É verdade que muitas vezes encontramos pastores, também em nossa igreja, que abrem as portas dos fundos ao invés de convidarem o povo a fechá-las. Mas, ainda com falhas, nossa igreja mantém sua base nas escrituras que nos servem como único livro de normas e doutrina. Quando há falhas na nossa prática pastoral, sabemos para onde voltar. E mediante a Fé na Graça Salvadora de Cristo, todos teremos o perdão, a vida e salvação. Isso é o que nos motiva diariamente a nos arrependermos também como igreja e seguirmos em frente.
E então, certos de nossa salvação, somos convidados a viver nossa liberdade em amor, não julgando, desmotivando ou sendo pedra de tropeço, mas acolhendo e perdoando ao nosso próximo.
Nessa motivação, podemos também seguir exemplos de outros trabalhos no cuidado da igreja. O livro traz o ministério da visitação como exemplo, em que não só o pastor, mas a igreja faz uso da Lei e do Evangelho para levar Cristo. Há muitos outros tipos de trabalhos que podem ser usados, mas que ao mesmo tempo não devem ser um peso para os que o fazem. E nisso há também outro problema. As vezes as pessoas que assumem trabalhos dentro da igreja estão super atarefadas. Normalmente o presidente da congregação é líder leigo e aos finais de semana ajuda na assistência social e nos cultos é acólito. Mas onde está a vida familiar deste leigo? A família não seria o centro da vida cristã? Por acaso não é no lar que aprendemos os valores da fé cristã? Por fim a sobrecarga acaba também afastando os membros. Isso não acontece a curto prazo, mas a longo prazo o resultado pode ser catastrófico.
Podemos notar que há muito serviço a se fazer como medida de prevenção, evangelismo e também a busca por aqueles que a própria igreja afastou. Esse é o desafio da nossa igreja, levar o perdão de Cristo a todos os necessitados. Assim como também esse perdão chegou até nós. Não por causa do pastor, ou da congregação, mas por que Ele, Deus, nos amou primeiro, em seu Filho, então nos também podemos amar uns aos outros. Por isso prefiro os “Velhos Evangélicos”, que viviam no amor de Cristo.


[1] HARRE, Alan F. Feche a Porta dos Fundos. Porto Alegre: Editora Concórdia, 2001, p. 16.
[2] Ibid., p. 27.