terça-feira, 23 de novembro de 2010

Hoje estarás comigo no paraíso!



Mensagem proferida no último domingo do Ano da Igreja - 21/11/2010.


O Ano da Igreja, calendário o qual seguimos na vida de culto, está centralizado na vida e obra de Cristo, e é contado de modo diferente dos nossos calendários. Ele começa com o Advento que quer dizer vinda de Cristo representando a anunciação a Maria e o nascimento de Jesus e termina no dia de hoje que é o último domingo do Ano da Igreja.
Neste último dia do Ano da Igreja queremos meditar na última conversa de Cristo antes de sua morte e ressurreição em que Jesus diz: “Hoje você estará comigo no paraíso”.
Jesus havia sido crucificado e com ele dois malfeitores.
Era muito comum os malfeitores serem crucificados naquela época. A cruz era um antigo instrumento de tortura e morte em que eram amarrados ou pregados os condenados.
Durante a primeira hora da torturante agonia da crucificação de Jesus, um dos malfeitores se juntou a multidão com injúrias e zombarias. Multidão que vinha há muito tempo perseguindo a Jesus e que deu o grito: Crucifica-o! E naquele momento haviam pedido que Pilatos soltasse Barrabás que era um criminoso.
Mas o malfeitor, ao lado de Jesus, disse:
- Você não é o Messias? Então salve a você mesmo e a nós também!
Isso não foi nada diferente do que o soldado já havia dito anteriormente: Se você é o rei dos judeus, salve a você mesmo! Como quem dissesse: Desse daí! Não vai fazer nada? Você não é o Filho de Deus?
O malfeitor estava duvidando que Jesus era realmente o Filho de Deus. Mas será que nós também não pensamos assim as vezes? Quando acontece algo de terrível e pensamos: Por que Deus não faz nada? E aí Deus você não vai fazer nada? As vezes nós também pensamos assim. Duvidamos de que Deus é Deus e que Ele tem poder sobre tudo e todos. Duvidamos que Deus dará um jeito de conseguir para nós a vida eterna.
Ainda nesta história temos o outro malfeitor que chama a atenção do primeiro dizendo:
- Você não teme a Deus? Você está debaixo da mesma condenação que ele recebeu. A nossa condenação é justa, e por isso estamos recebendo o castigo que nós merecemos por causa das coisas que fizemos, mas ele não fez nada de mau.
Essa frase é também para nós, quando pensamos que Deus não está fazendo nada e que não está cuidando de nós. Quando duvidamos de Deus. Nós muitas vezes não compreendemos, mas há uma conseqüência para o pecado que habita em nós e essa conseqüência é a morte. E como nós enfrentamos a morte?
Nessa história há dois malfeitores e dois comentários. E não estamos falando de fábulas, mas estamos falando de fatos reais. Coisas que realmente aconteceram e que continuam a acontecer todos os dias. Pois todos os dias pessoas morrem. E pessoas morrem com uma certa compreensão a respeito de Deus.
Falta pouco para os dois malfeitores morrerem e agora eles não tem mais nada. Estão sozinhos e condenados a morte. Mas, diante da morte resolvem ainda falar suas últimas palavras.
O primeiro zomba de Cristo assim como o soldado que diz: Se você é o rei dos judeus, salve a você mesmo! Este não sabe o que está dizendo. Não reconhece a Jesus como Messias e por isso zomba dele.
O segundo reconhece que Cristo não tem nenhuma acusação e que sua condenação é incoerente. Assim como para nós, não cabe na sua maneira de pensar que alguém que não tenha feito nada de errado tenha que sofrer tamanha injustiça. O Malfeitor reconhece seus erros e sabe que sua condenação é justa, mas que a condenação de Jesus é injusta. O malfeitor está sob a mesma condenação que Jesus recebeu, mas com a diferença que Jesus não fez nada de errado. É difícil afirmar como esse malfeitor se expressou com o outro, mas provavelmente, queria dizer: Não há em teu coração, ao menos, temor ao Deus santo e justo? Ao reconhecer que Jesus não tinha feito nada de mal, reconheceu sua culpa imensa diante de Deus e aceitou sua punição. Como quem dissesse: Eu mereço isso, a morte! O que é uma verdade para todos nós, pois por causa de nossos pecados, o que merecemos é a morte, ou como está escrito em Romanos 6.23: o salário do pecado é a morte. O malfeitor lamentava de coração todo o mal que cometeu, seus pecados e erros. E toda essa tristeza foi ampliada e concluída com a confissão daquilo que estava em seu coração. A única esperança que lhe restava.
Sozinho na cruz, suas últimas palavras foram:
- Jesus, lembre de mim quando você vier como Rei!
No momento da agonia o malfeitor confessa que Jesus é o Rei. Talvez fosse seu último minuto de vida.
E Jesus ao ouvir a confissão do malfeitor responde:
- Eu afirmo a você que isto é verdade: hoje você estará comigo no paraíso.
São fortes palavras para nós. Como pode Jesus dizer essas palavras para um malfeitor?
Seria como nos dias de hoje dizer estas mesmas palavras para um estuprador, uma prostituta, um assassino. Alguém diria: pessoas da pior espécie. Mas é exatamente isso que Jesus diz. Jesus diz estas palavras, não por causa da confissão do malfeitor, mas por que Ele está sempre pronto a perdoar e resgatar aquele que necessita de seu amor. A maldade é tanta no ser humano que somos capazes das piores atrocidades. E acredito que alguns de nós só não cometem essas maldades porque há leis que nos orientam qual o melhor caminho seguir, mas infelizmente alguns não aprenderam essas leis e outros acabam por não respeitá-las. Mas isso é com relação a nossa vida aqui neste mundo. Com a vida no paraíso é diferente. Temos um intercessor que é Cristo. Cristo nos dá o presente da salvação sem precisarmos fazer nada, pois ele já fez tudo.
Será que o malfeitor na cruz sabia de todas essas informações?
Não temos como saber o quanto o malfeitor conhecia a respeito de Jesus. Talvez ele não conhecesse nada da vida de Jesus. O que sabemos é que no último momento de vida ele apelou para que Jesus não esquecesse dele.
Antes de Jesus dizer suas palavras de consolo, o malfeitor, em seu último momento de vida aqui neste mundo, faz um apelo para Jesus: “Jesus, lembre de mim quando o senhor vier como Rei!”. Esse é um apelo que mostra também aquilo que está no coração do malfeitor. Ele é um pecador que não tem mais onde se agarrar para sua salvação e por isso apela para que Jesus não se esqueça dele. Assim como o malfeitor, nós também podemos apelar para que Jesus não se esqueça de nós. E Jesus não pode negar o seu amor, pois é para isso que Jesus veio. Jesus veio para salvar os pecadores. Jesus veio para salvar a todos nós.
Cristo nos perdoa e nos convida para a nova vida do paraíso. A nova vida em que perdão e amor estão presentes. Mesmo nas dificuldades. Quando olhamos para nossas vidas, vemos que perdão e amor estavam presentes e Deus sempre esteve conosco. Essas palavras para o malfeitor na cruz são também para nós. Jesus poderia ter dito:
- Você não seguiu todos os mandamentos de Deus e por isso não merece o paraíso.
Ou talvez:
- Não se preocupe, você vai reencarnar e terá uma nova chance de mostrar que você merece a salvação. E se não conseguir, você voltará outra vez e assim sucessivamente.
Mas não, Jesus não diz isso.
Jesus diz:
- Hoje você estará comigo no paraíso!
Hoje é nosso último domingo do Ano da Igreja, mas se fosse nosso último domingo de vida, a mensagem que não podemos esquecer é a de que Hoje já estamos com Cristo no paraíso!
Se há algo neste último dia do Ano da Igreja, que deve ficar para nós, neste próximo ano que se inicia é isso: Que o paraíso é a certeza daquele que confia no perdão que há em Cristo. Nós também podemos apelar a Cristo para nossa salvação e não precisamos nos preocupar com todas as nossas dívidas, pois Deus as perdoa. E o conforto para nós é saber que por causa de Cristo, nós estamos em comunhão com todos aqueles que já estão com Deus. Essa é a nossa garantia, a boa notícia do perdão e do amor que Cristo nos dá.
O Natal está próximo e a esperança se renova. Todas as casas começam a ficar enfeitadas e muitos são os motivos para essa celebração. Mas nós temos muito mais motivo para festejar o Natal, pois comemoramos o nascimento de nosso Salvador. Que nasceu há dois mil anos atrás e que é o nosso maior presente.
Esse é o nosso Jesus que veio ao mundo, se fez homem entre nós, morreu e ressuscitou para que todos nós tenhamos a vida eterna. Seja no Advento ou no Último Domingo do Ano da Igreja, que Jesus preserve em nossos corações essa mensagem de amor e que também nos motive a partilhar esse amor com o nosso próximo perdoando e dando o consolo que há em Cristo. Hoje já estamos com Jesus no paraíso! Amém!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Novos Evangélicos? Prefiro os velhos!



O assunto do momento são os que abandonam a igreja e recentemente, veiculou na mídia o assunto dos novos evangélicos. Como uma maneira de se tratar o assunto dentro de nossa igreja, nós temos o livro “Feche a porta dos fundos”, de Alan F. Harre. O livro é do ano de 1984 e foi traduzido para o português em 2001, mas continua sendo um ótimo livro sobre o tema dos que abandonam a igreja.
Mas esses novos evangélicos não são novos. Os protestantes existem há muito mais tempo. Devido aos protestantes, houve o cisma de 1054 entre a ICAR e a Igreja Ortodoxa, surgiu o luteranismo, o pietismo, a ortodoxia, o iluminismo, etc.
Antes de tudo isso, nos tempos bíblicos, encontram-se “protestantes”. As epístolas são exemplos. Sua maioria se devem a combater falsos ensinamentos que corriam pelas cidades. Romanos é um livro de dogmática a pessoas convertidas do judaísmo e do paganismo; 1 Coríntios ataca a corrupção moral e a libertinagem; na Galácia o problema eram os judaizantes; entre os Colossenses crenças religiosas e costumes pagãos já surgiam; Em Tessalônica o iminente retorno de Cristo intranqüilizava as pessoas; as cartas de João atacam os ensinos gnósticos.
Por isso, nós precisamos continuar a falar sobre esse tema que não é novo, mas que está presente na vida da igreja.
No primeiro capítulo do livro “Feche a Porta dos Fundos”, encontramos quem são os que abandonam a igreja. São várias informações que temos a respeito desses, como resultado de pesquisas que nos ajudam a refletir sobre o assunto e que entram em acordo, muitas vezes, com nossa maneira de pensar e também dos novos evangélicos.
“Muitos dos motivos por que as pessoas abandonam a vida da congregação local estão além do controle ou poder da congregação. Isso pode nos trazer um sentimento de frustração. Por outro lado, há outros fatores que podem muito bem ser abordados pela congregação local. Em vez de desesperar com aquilo que não pode ser alcançado, seria prudente concentrar os esforços naquelas áreas onde a congregação é capaz de agir de forma positiva e remediável[1]”.
No entanto, a média de abandonos cresce significativamente entre 13 e 20 anos. E entre as diferentes causas de abandonos, encontramos: atritos familiares, a igreja oferece pouca coisa de valor para eles como pessoas, os programas da igreja suprem mais as necessidades das crianças e dos adultos, atitudes e estilos de vida cosmopolitas, ao receber mais educação, se tornam mais volúveis, diversificados nos sistemas de valorização, sermões e ensinamentos fracos, tudo muito tediosos, trabalho sem relevância, currículos irrelevantes, apatia entre membros, apatia do cônjuge e da família com o envolvimento do indivíduo na igreja.
“Se os sermões fossem dirigidos às pessoas do dia de hoje e dados num estilo compreensível e que valesse a pena serem ouvidos – os bancos da igreja gradativamente ficariam novamente lotados. Os sermões não se tornaram ultrapassados. Simplesmente se tornaram monótonos[2]”.
Como alternativa de trabalho, em reposta à todas as reclamações, Harre traz medidas preventivas para se trabalhar na igreja.
São elas:
·                    Preocupação cristã com a inatividade;
·                    Conservação através de cuidadosa incorporação;
·                    Conservação através de ênfase em forças positivas;
·                    Conservação através de melhores cultos;
·                    Conservação dos membros através de melhores sermões;
·                    Conservação através de cuidados pastorais eficientes;
·                    Conservação através da educação cristã;
·                    Manutenção através do ministério a jovens adultos;
·                    Manutenção através de relacionamentos interpessoais positivos;
·                    Manutenção através de solução de conflitos;
·                    Manutenção através de encorajamento de voluntários;
·                    Manutenção através de maior calor humano;
·                    Manutenção através de uma ação social responsável.
Com base nessas reclamações e nessas medidas preventivas, o autor traz um capítulo a parte tratando da disciplina eclesiástica. A partir deste capítulo, pode-se notar que o autor quer propor um pastor que seja polido e que trabalhe com Lei e Evangelho em todo o ministério. Talvez esse seja o ponto de maior atenção para os problemas da igreja. Pois, na medida em que o pastor trabalha com lei e evangelho durante o ministério, ele atende de forma indireta as medidas preventivas propostas por esse autor. Lei e evangelho é fundamental na vida da igreja.
Enfim, as reclamações dos novos evangélicos não são totalmente erradas. O que eles estão fazendo é uma crítica contra as suas igrejas. No entanto, a nossa igreja pode atender essas necessidades com Lei e Evangelho.
E isso não é trabalho exclusivo do pastor, mas é a obra de Deus na vida da igreja e através da igreja. É Deus que trabalha essas medidas preventivas através de nós com Lei e Evangelho.
Seguir essas medidas preventivas são obras que brotam de uma fé ativa no amor. É verdade que muitas vezes encontramos pastores, também em nossa igreja, que abrem as portas dos fundos ao invés de convidarem o povo a fechá-las. Mas, ainda com falhas, nossa igreja mantém sua base nas escrituras que nos servem como único livro de normas e doutrina. Quando há falhas na nossa prática pastoral, sabemos para onde voltar. E mediante a Fé na Graça Salvadora de Cristo, todos teremos o perdão, a vida e salvação. Isso é o que nos motiva diariamente a nos arrependermos também como igreja e seguirmos em frente.
E então, certos de nossa salvação, somos convidados a viver nossa liberdade em amor, não julgando, desmotivando ou sendo pedra de tropeço, mas acolhendo e perdoando ao nosso próximo.
Nessa motivação, podemos também seguir exemplos de outros trabalhos no cuidado da igreja. O livro traz o ministério da visitação como exemplo, em que não só o pastor, mas a igreja faz uso da Lei e do Evangelho para levar Cristo. Há muitos outros tipos de trabalhos que podem ser usados, mas que ao mesmo tempo não devem ser um peso para os que o fazem. E nisso há também outro problema. As vezes as pessoas que assumem trabalhos dentro da igreja estão super atarefadas. Normalmente o presidente da congregação é líder leigo e aos finais de semana ajuda na assistência social e nos cultos é acólito. Mas onde está a vida familiar deste leigo? A família não seria o centro da vida cristã? Por acaso não é no lar que aprendemos os valores da fé cristã? Por fim a sobrecarga acaba também afastando os membros. Isso não acontece a curto prazo, mas a longo prazo o resultado pode ser catastrófico.
Podemos notar que há muito serviço a se fazer como medida de prevenção, evangelismo e também a busca por aqueles que a própria igreja afastou. Esse é o desafio da nossa igreja, levar o perdão de Cristo a todos os necessitados. Assim como também esse perdão chegou até nós. Não por causa do pastor, ou da congregação, mas por que Ele, Deus, nos amou primeiro, em seu Filho, então nos também podemos amar uns aos outros. Por isso prefiro os “Velhos Evangélicos”, que viviam no amor de Cristo.


[1] HARRE, Alan F. Feche a Porta dos Fundos. Porto Alegre: Editora Concórdia, 2001, p. 16.
[2] Ibid., p. 27.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quem é o maior no Reino dos Céus?




Mt 18.1-20

E então lhe vieram os discípulos perguntando quem era o maior no reino dos céus. Não podemos esquecer que os discípulos estão sempre caminhando com Jesus e aprendendo tudo o que ele tem para lhes ensinar. Talvez assim como nós e talvez muitos fariam a mesma pergunta.

Mas, nesta pergunta, Jesus compreende que seus discípulos ainda não entenderam como é o Reino de Deus. E realmente, nós não compreendemos. É necessário que Jesus nos diga como é o Reino de Deus. Mas Jesus não chama a atenção de seus discípulos. Jesus toma uma criança para ensinar-lhes como é o Reino de Deus. E Ele diz: aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.

Muito já foi discutido sobre a metáfora desta criança.

Os discípulos devem ter problemas psicológicos e devem agir como crianças?

A criança não têm pecado e por isso nós devemos ser como elas?

Não. É evidente que Jesus não está falando disso. Mas ele está falando a respeito de quem é o maior no reino de Deus e o maior no reino de Deus é a criança. O maior no reino de Deus é o necessitado assim como a criança, aquele que depende de outros. Jesus ainda diz que o que se humilhar como a criança, esse é o maior no reino dos céus. Ou seja, aquele que já é adulto, mas que necessita de ajuda como a criança, esse é o maior no reino de Deus.

A criança é o centro de tudo.

Você já viu como funciona uma família quando se tem uma criança em casa? Tudo gira em torno da criança. Se ela chora todos correm para ver o que está acontecendo, se ela cai um tombo ou se machuca, logo é socorrida e levada ao médico. Quando ela fala, todos ouvem atentamente para também lhe ensinar o que é devido. Ou seja, tudo gira em torno da criança que necessita de todos que estão ao redor.

E Jesus continua:

- Quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe. E o que fizer tropeçar a um destes que crêem em Cristo, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Podemos notar que não é pouca coisa, mas que é muita coisa.

Então ficam as perguntas: Quem é o maior no reino de Deus? Quem manda no reino de Deus? Quem deve ser socorrido no Reino de Deus?

E a resposta para essa pergunta é:

- As crianças. Em resumo: os necessitados, os pecadores, aqueles que choram, caem tombos e que não compreendem como é o Reino de Deus.

Pode-se notar que é muita responsabilidade ter uma criança em casa! Assim como também é muita responsabilidade estar com os necessitados, com os pecadores. Estar com todos aqueles, que assim como nós, precisam do perdão de Cristo. Responsabilidade esta que nós já enfrentamos, mas que será nossa maior responsabilidade no estágio e também no futuro ministério. Estar com os pecadores!

Que o bondoso Deus esteja sempre presente em nossas vidas nos lembrando do perdão que nós temos em Cristo e de que nós também podemos perdoar o nosso irmão, pois perante Deus somos todos pecadores e necessitamos de seu perdão que Ele nos concede em Cristo. Amém.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Santa Ceia em Torno de Lutero - Por Giovane Tiedt




INTRODUÇÃO


Lutero tentou conservar o que podia ser mantido até estar convicto que a Palavra de Deus exigia procedimento diverso. Sendo a Palavra de Deus a única fonte de doutrina cristã, a tradição católica não é fonte para a doutrina de Lutero a respeito da Ceia, mesmo que nos seus primeiros escritos observa-se pensamentos católico-romanos. A medida do necessário, Lutero reafirmava seus posicionamentos de acordo com a revelação da Palavra de Deus.

ASPECTOS PASTORAIS DA SANTA CEIA EM LUTERO

Lutero faz admoestações na sua Vermahnung zum Sakrament des Leibes und Blutes unseres Hern (Admoestação do sacramento do Corpo e Sangue de Nosso Senhor) de 1530. Nesta exortação, Lutero “ataca o descaso pelo sacramento do altar. O povo não estava participando da comunhão conforme se esperava. Já não havia leis que o obrigassem, e os pastores e pregadores não estavam conseguindo motivar os fiéis a comungar espontaneamente”

FUNDAMENTO

Para Lutero está claro: o que faz o pão e o vinho serem o sacramento são as palavras de Cristo. “O ponto cardinal é a palavra e a ordenação ou mandamento de Deus.

A ESSÊNCIA

Lutero pergunta: “Que é, pois, o sacramento do altar?” e a resposta é: “É o verdadeiro corpo e sangue de Cristo Senhor, em e sob o pão e o vinho, que a palavra de Cristo ordena a nós cristãos comer e beber”. E para que haja verdadeiro corpo e sangue de Cristo presente na Ceia, “a palavra tem de fazer do elemento um sacramento”, pois “se apartas a palavra ou consideras a coisa sem a palavra, nada tens além de mero pão e vinho.

O ALIMENTO

Temos na ceia um “alimento da alma, que nutre e fortalece o novo homem” para combater a velha natureza, pois ela permanece. A ceia funciona como um antídoto contra o veneno de Satanás, que “não desiste até cansar-nos afinal de modo que renunciamos a fé ou desanimemos e nos tornamos apáticos ou impacientes”.

OS BENEFÍCIOS

Nos seus Katechismuspredigten (Catecismos/Sermões) de 1528, Lutero caracteriza benefícios através da Ceia. A presença de Cristo, através do pão e do vinho é talvez a mais importante. A renovação que vem pela fé, que faz receber o corpo e sangue de Cristo.

A RECEPÇÃO

Lutero deixa bem claro o que faz alguém ser digno ou indigno para receber a Ceia: “Pois visto que esse tesouro é apresentado totalmente nas palavras, não se pode apreendê-lo e dele tomar posse de outra maneira senão pelo coração” É o coração que discerne esse tesouro e o deseja. Porém se este coração não se converte e não se arrepende, recebe o corpo e sangue de Cristo não para a vida e consolo, mas para juízo e condenação.

OUTRO ESPÍRITO

Aqui começam as controvérsias por Karlstadt e Zwínglio que negavam a presença real do corpo e do sangue de Cristo na santa ceia. A diferença básica resumia-se na pergunta: Os Artigos de fé devem basear-se exclusivamente na palavra de Deus ou também na razão humana? A resposta de frei Martinho não admitia dúvida: A Escritura e nada além dela é a fonte de artigos de fé.

VISÃO DO LUTERO JOVEM SOBRE A CEIA DO SENHOR

Em seguida temos este terceiro sermão da trilogia dedicada à duquesa Margarida de Braunschweig e Lüneburgo em 1519 Um Sermão sobre o Venerabilíssimo Sacramento do Santo e Verdadeiro Corpo de Cristo e sobre as Irmandades, foi à primeira afirmação maior de Lutero quanto à Santa Ceia. Ainda não falava de assuntos controvertidos, como o sacrifício da missa ou o modo da presença real de Cristo, mas já atacava o problema da comunhão sob as duas espécies para os leigos e delineia uma nova perspectiva quanto à transubstanciação e ao uso do sacramento. Define que o sacramento deve ser exterior e visível em uma forma ou espécie corporal. Ainda concorda que o povo só receba a hóstia e o sacerdote tome o vinho à vista do povo, mas já propõe o recebimento dos dois elementos pelos leigos.
Mas já há uma diferença essencial, pois admite a continuidade do pão e do vinho quando diz: que Cristo “pôs no pão sua verdadeira carne natural e, no vinho, seu verdadeiro sangue natural”. “Logo rejeita a transubstanciação, como efetivamente a condena no ano seguinte no seu Do cativeiro Babilônico da Igreja. Já fala claramente da “carne sob o pão” e do “sangue sob o vinho”.

VISÃO DO LUTERO MADURO SOBRE A EXORTAÇÃO AO SACRAMENTO DO CORPO DO NOSSO SENHOR


Lutero aproveitou seu “ócio” para escrever textos. Voltou-se também ao Sacramento da Santa Ceia. Já a “Instrução dos Visitadores aos Párocos” havia orientado os visitadores quanto a esse Sacramento: deveriam insistir junto aos pastores para que instruíssem as comunidades sobre a prática eucarística consciente e responsável. Em Coburgo, Lutero redigiu, sobre o mesmo tema, antes de 17 de outubro de 1530, a presente “Exortação”.
Este escrito é uma importante complementação dos escritos em que Lutero desenvolveu sua concepção da Eucaristia e a defendeu contra a concepção romana e contra a concepção da presença meramente simbólica de Cristo no Sacramento, defendida por Ulrico Zwínglio (1484-1531), o reformador de Zurique (Suíça), e seus adeptos A intenção do reformador é, aqui, essencialmente pastoral. Sob este aspecto, trata-se da manifestação mais bela de Lutero sobre Eucaristia.

CONCLUSÃO


Vejo que todas as obras de Lutero foram movidas por controvérsias a igreja de Roma, logo vemos que Lutero foi fortemente criticado por sua posição e seu pensamento o levando a ser excomungado da igreja católica, este tema me chamou muito a atenção, pois Lutero faz admoestações na sua Vermahnung zum Sakrament des Leibes und Blutes unseres Hern de 1530. Ele admoesta os pastores, pois estes estavam deixando de fazer o seu trabalho, pois estavam desmotivados pelo desanimo e descaso do povo pelo sacramento do altar, e vejo que isto não é muito diferente hoje em dia, os membros estão desanimando e os pastores estão indo junto para o mesmo caminho. Lutero diz que é importante instruir as pessoas sobre a importância do sacramento, fazendo uma citação: “Queres ser cristão e sabes que é ordem e determinação de Cristo que use esse Sacramento; mas o deixas esperar meio ano, um ano inteiro, três anos e até mais”. Estás ouvindo meu caro? Como é que isto rima com um cristão? Aposto que vais envergonhar-te diante de ti mesmo e te assustará em face de semelhante prédica. Devemos dar a mesma importância que Lutero deu para a Ceia, pois esta é o antídoto contra o veneno que o diabo e o mundo querem nos dar para bebermos.

BIBLIOGRAFIA

•Obras Selecionadas v.7, Martinho Lutero (Sacramentos).
•Introdução aos Catecismos de Lutero, Caderno Universitário. Clóvis J.Prunzel (Aspectos Pastorais da Santa Ceia em Lutero).
•Restaurador da Verdade, Frei Martinho. R. F. Hasse. (Outro Espírito).
•Isto é o Meu Corpo, Hermann Sasse. (O Sacramento do Altar e a Igreja Luterana hoje).